sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Festa do jubileu do 25 anos de missão em angola

Celebração da Festa do Jubileu
Momento celebrativo no lugar em que se realizou os primeiros batizados dos cristãos no início da evangelização em soyo.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Obrigada Irmã Clotilde

A Família de Santana agradece a querida Irmã Clotilde pelo tempo de Serviço ao Reino realizado na missão em Angola.
Obrigada Irmã Clotilde pela doação, amor, gratuidade, sacrificio, compromisso e espírito de Fé com o qual vivestes a missão na Delegação de Angola.
Muita Luz e Força na nova etapa que se abre para tua vida.
Nosso Muito Obrigada.
Estamos Juntas.

sábado, 10 de novembro de 2012

Assistente da Formação


Na Festa do Jubileu dos 25 anos da Missão em Angola, temos a grande alegria de ter em nosso meio a visita da
 Assistente geral pela Formação.

Bem Vinda!
Irmã Ana Maria.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Província Missionária


A delegação de Angola, na celebração do seu jubileu, tem a grande alegria na visita da Irmã Ana Tereza, provincial da província Madre Rosa - Recife - Brasil.
No recente mês missionário a província enviou mais uma missionária:  Irmã Socorro dos anjos, para esta delegação. 
Nosso agradecimento a generosidade, partilha e dimensão missionária que a cada dia vem crescendo nesta província.

Irmã Ana Tereza em Angola



terça-feira, 6 de novembro de 2012

APRECIAÇÃO FINAL DO SÍNODO DOS BISPOS DE 2012
 
As crônicas enviadas durante as três semanas do Sínodo focalizavam um determinado momento de sua realização, relatando o que passava naquele momento, como é próprio de uma crônica. Sem pretender fazer uma ampla síntese, o que seria impossível dada a extensão e complexidade dos temas tratados, pretendo agora relatar aquilo que me pareceu mais importante no conjunto desse grande evento.

A experiência vivida nesses 22 dias é única e incomparável. Foi uma participação intensa de comunhão eclesial em escala mundial, de uma Igreja viva e pujante, a pesar das dificuldades de hoje. Estava presente a Igreja inteira, representantes de todos os extratos eclesiais em nível da totalidade do Povo de Deus, tanto jerarquia, como fieis leigos. Sendo "dos Bispos" é lógico que a presença maciça era deles, que realmente conduziram, trabalharam, tomaram decisões como responsáveis primeiros da Igreja. Entretanto, estavam presentes também sacerdotes, religiosas e religiosos, leigas e leigos comprometidos com a evangelização. A Igreja Católica não é apenas os de rito latino; os católicos ortodoxos orientais estavam presentes em peso. Havia igualmente os "delegados fraternos", de outras igrejas cristãs, preocupadas também com os desafios da evangelização. Chamou a atenção, não tanto a profundidade da reflexão e de decisões, mas, sobretudo o testemunho de experiências realizadas em todas as partes do mundo. na busca de novas formas e modos de evangelizar.

Acima de um Sínodo, coloca-se apenas a realização de um Concílio Ecumênico. O Sínodo, tal como a Igreja o celebra hoje, tinha inicialmente uma dupla finalidade: manter vivo e aceso o espírito do Concílio Vaticano II e ser expressão da Colegialidade Episcopal. Quanto à primeira finalidade, ele esteve intimamente ligado ao Vaticano II não só por celebrar seus 50 anos, mas por sua estrutura, dinâmica interna, realização e conclusões. Pode-se dizer que o Sínodo "é um filho do Concílio"; a assembleia sinodal reafirmou, não tanto explicitamente, mas nos fatos e no temas tratados, a firme adesão aos ensinamentos do Concílio.

Com relação à segunda finalidade, ser expressão da colegialidade episcopal, ela fica um tanto obscurecido, dado seu caráter apenas consultivo. Ou seja: as célebres Proposições, documento mais importante, não têm autoridade em si mesmas. São apenas sugestões deixadas na mão do Sumo Pontífice para que ele, e seus auxiliares mediatos e imediatos, elaborem, dentro de um ano mais ou menos, um documento oficial (a exortação apostólica). Aquela tão suspirada descentralização do governo da Igreja, partilhando um pouco o excesso de responsabilidade e de poder que se concentra na pessoa do Papa, não se realiza plenamente. De outro lado, o Sínodo foi uma manifestação inequívoca da comunhão e afeto episcopal, do zelo, paixão e entusiasmo com os quais cada bispo assume a responsabilidade por todas as igrejas, e não apenas por sua diocese.

Houve uma plena sintonia com os sérios problemas que hoje assolam a humanidade, tudo, naturalmente visto à luz da evangelização para a transmissão da fé, que era o polo gerador de todos os temas tratados. O inusitado gesto de enviar uma delegação à Síria, em plena guerra civil e fratricida, levando não só ideias e exortações, mas também mediação político-diplomática e auxílio econômico, mostrou o quanto a Igreja está mergulhada em toda sorte de sofrimento humano. Isso ressoou muitas vezes e de diversos modos na aula sinodal, sobretudo com o testemunho de inúmeras ações criativas para que a mensagem de Jesus torne-se realmente Boa-Nova e palavra de salvação para todos.

Ficou claro também que tudo o que a Igreja faz deve ser fruto de uma profunda confissão e profissão de fé em Cristo Jesus, que com seu Evangelho, revela a proximidade de Deus em nossas vidas. Ela mesma em primeiro lugar é destinatária dessa Palavra de Deus, e daí a contínua conversão de si mesma e a vontade de, por todos os meios, quer pelo ministério da Palavra como dos sacramentos, ser a anunciadora da salvação para um mundo que se mostra cada vez mais secularizado, afastado de Deus e mergulhado no materialismo.

A expressão nova evangelização foi entendida em seu múltiplo significado, sempre e a partir da ação do Espírito Santo e do primado da graça. Ela é, em primeiro lugar, um grande chamado para todos os fiéis renovarem a própria fé, tanto na adesão pessoal e profunda à pessoa de Jesus (confissão da fé), como no testemunho de vida à luz do Evangelho (profissão de fé). A nova evangelização tem aí seu fundamento e garantia de sucesso, e não em projetos, planos, e programas, por mais importantes que eles também sejam.

Em segundo lugar significa o interesse de propagar sempre mais o Evangelho de Jesus entre todos os povos. Diante das urgências internas da vida eclesial, não pode ficar em segundo plano a missio ad gentes, o caráter missionário da Igreja, algo que pertence à sua natureza. Isso implica um retorno contínuo ao primeiro anúncio (querigma), a proclamação do mistério de Jesus Salvador: sua encarnação, tornando-se um de nós, sua, paixão, morte redentora e glorificação. Esse quérigma (conteúdo essencial da fé) deve estar presente no início da proclamação do Evangelho e reevocado continuamente em toda pregação e catequese. O drama que a Igreja vive hoje é que muitas nações, cristãs em épocas passadas, hoje estão longe de Deus, vivem como se Ele não existisse, e como se a Igreja fosse uma das tantas expressões religiosas sem sentido nenhum para o mundo de hoje. É difícil admitir, mas precisamos nos convencer de países outrora cristianíssimos (sobretudo na Europa) hoje são terra de missão, de anúncio primeiro, de evangelização, no sentido mais próprio e estrito da palavra. 

Nova evangelização, em terceiro lugar, expressa a preocupação da Igreja por inúmeros cristãos que se tornaram sacramentalmente cristãos, mas vive como se fossem pagãos, afastados da Igreja e da prática cristã. Para eles é necessária uma nova conclamação, um novo apelo e, naturalmente, novas formas de pastoral, de catequese com métodos diferentes. 
Diante desse quadro, as expressões "missão continental", "uma Igreja em permanente estado de missão", e "conversão pastoral" tão nossas latino-americanas foram integradas no vocabulário desse Sínodo. Os documentos de Aparecida foram continuamente citados; de fato, aqui na América Latina e Caribe, nós já nos debruçamos e procuramos soluções pastorais para os grandes problemas para os quais o Sínodo agora se voltou, em escala mundial.

Mas o Sínodo não ficou apenas em generalidades: desceu à consideração de problemas concretas e urgências pastorais como a necessidade de diálogo entre o Evangelho e cultura (pensamento moderno, ciência, universidades), a missão importantíssima dos leigos cristãos no processo da nova evangelização, o valor e o testemunho da vida religiosa e contemplativa no nosso mundo secularizado, a nova evangelização e os direitos humanos, a liberdade religiosa, o direito e dever de proclamar o evangelho, a promoção humana, a opção pelos pobres, o serviço da caridade, o cuidado com os idosos e doentes, migrações, valor e atualidade da doutrina social da Igreja.

Olhando mais para a vida interna da Igreja foram tratados temas como: a urgente necessidade de conversão da própria Igreja (pastores e fiéis), a santidade dos evangelizadores, a alegria com que o evangelho deve ser testemunhado, a iniciação cristã com seus três sacramentos, a catequese (sobretudo com adultos), os catequistas e o reconhecimento de seu ministério, o valor do Catecismo¸ a recuperação do sentido sagrado do domingo, a situação de muitos cristãos que vivem em contínuas ameaças por causa da fé (perseguições e martírio), a urgência da educação, a via da beleza como caminho de evangelização. A última parte das Proposições aborda o tema dos "agentes e participantes da Nova Evangelização": a diocese e pastoral orgânica, a paróquia como um dos eixos da nova evangelização, a beleza da liturgia e um grande apelo para os padres no aprendizado e aperfeiçoamento da ars celebrandi (arte de celebrar), a recuperação do valor do Sacramento da Penitência para todos cristãos, particularmente para os que retornam à Igreja, o importante papel dos fieis leigos (especial relevo às mulheres) e os movimentos de diversos tipos, a piedade popular, as peregrinações, a família cristã com suas crises e desafios, os jovens para os quais a Igreja olha com preocupação sim, mas com muita esperança, o diálogo ecumênico, inter-religioso, diálogo entre fé e ciência, os novos cenários urbanos, o átrio dos gentios (espaço de diálogo com os não crentes), o cuidado com o meio ambiente, etc.

As Proposições devem ser consideradas o documento principal do Sínodo; foi autorizada a publicação não oficial (oficiosa) de sua versão em inglês, que já está na internet. Um crítico ironizou as 58 proposições, citando o provérbio latino: "parturiunt montes, nascetur ridiculus mus" (engravidam-se as montanhas e nasce um ridículo ratinho). É desconhecer a densidade de cada uma delas, e muito mais a natureza do Sínodo. Em segundo lugar a Mensagem, de conteúdo denso, linguagem estimulante e bem comunicativa, é também documento do Sínodo; ela insiste no otimismo que deve tomar conta dos discípulos de Jesus e não o desânimo ou derrotismo diante das grandes dificuldades de evangelizar o mundo de hoje. Elas devem ser transformadas em novas oportunidades de anúncio do Evangelho. Fazem parte também do Sínodo as duas homilias de Bento XVI pronunciadas na abertura e na conclusão do Sínodo. São grandes meditações, a partir da Palavra de Deus, sobre o tema central do Sínodo.

O Papa tem falado frequentemente da "desertificação espiritual" que vive o mundo de hoje. No deserto, as estrelas brilham mais na noite escura; assim também deve brilhar mais o Evangelho no deserto espiritual do mundo de hoje, para que todos sejam por ele iluminados. Nesse sentido, é invocada a proteção de Maria, estrela da Evangelização e modelo supremo de discípulo de Jesus.

Para mim, a participação no Sínodo foi mais de enriquecimento pessoal do que de colaboração; consegui, sim, junto com outros, deixar algo numa proposição a respeito da catequese, catequistas e catecismo. Mas a riqueza recebida foi muito maior. Despeço-me de todos, agradecendo a paciência em seguir esses relatos e esperando ter contribuído para um maior conhecimento imediato do que ocorria por aqui. Auguro que todos possam também se enriquecer com mais esse impulso evangelizador provocado pelo Sínodo e lançar-se com o entusiasmo de sempre e mais ardor na transmissão da fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja.

Roma, 30 de Outubro de 2012, terça feira
 Pe. Luiz Alves de Lima, sdb

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Síntese da primeira redação do importante documento

DIÁLOGO DE JESUS COM A SAMARITANA: EXEMPLO DE EVANGELIZAÇÃO
Um primeiro rascunho da grande Mensagem do Sínodo
1. Deixamo-nos iluminar pelo encontro de Jesus com a Samaritana; não há mulher ou homem que não se encontre ao lado de um poço com um jarro vazio esperando encontrar respostas a seus problemas. Hoje há muitos poços, mas a água nem sempre é boa... está poluída! Só Jesus é capaz de ler no fundo do nosso coração e revelar nossa verdade. Então como a samaritana, tornamo-nos anunciadores da salvação.

2. Por toda parte se sente a necessidade de reavivar a fé que corre o risco de obscurecer-se diante de tantas dificuldades. Essa é a nova evangelização (NE). Não se trata de começar tudo de novo, mas de colocar-se no caminho do anúncio do Evangelho que atravessou toda história e edificou a comunidade dos fiéis por todas as partes, fruto de tantos missionários e não poucos mártires. Os tempos atuais nos conclamam para algo de novo: viver de uma forma renovada nossa experiência comunitária de fé e de anúncio através de uma evangelização "nova no seu ardor, métodos e expressões". Bento XVI nos recordou que ela tem em vista principalmente as pessoas que, embora batizadas, afastaram-se da Igreja, para que redescubram a fé, fonte de graça e esperança. Estamos conscientes do enfraquecimento da fé de muitos batizados. Queremos enfrentar o problema que os tempos geram nas formas tradicionais de transmissão da fé.

3. Queremos, de saída, afirmar nossa convicção: a fé depende inteiramente da relação que estabelecemos com a pessoa de Jesus. A NE consiste em repropor ao coração e à mente, muitas vezes distraídos, a beleza e a novidade perene do encontro com Cristo. Convidamos todos a contemplar o rosto do Senhor Jesus, entrar no mistério de sua existência, doada por nós até à cruz e confirmada com o sua Ressurreição. Em sua Pessoa se revela todo o amor do Pai por nós. A Igreja é o espaço que Ele nos oferece para encontrá-Lo, já que lhe confiou sua Palavra, o Batismo, seu Corpo e Sangue, a graça do perdão, a experiência de uma comunhão que é reflexo do mistério da SS. Trindade e a força do Espírito que gera o amor para com todos. Compete a nós hoje possibilitar experiências de Igreja, multiplicar os poços para convidar homens e mulheres a saciar sua sede no encontro com Jesus. As comunidades cristãs são responsáveis por isso e, nelas, todo discípulo do Senhor: a cada um é confiado um testemunho insubstituível, para que o Evangelho possa chegar a todos. Essa é nossa tarefa na NE: ser para os outros a beirada de um poço acolhedor, no qual aas pessoas possam encontrar Jesus.

4. Não se trata de inventar estratégias, como se o Evangelho fosse um produto a ser vendido no mercado das religiões. Devemos, sim, descobrir os modos pelos quais, na aventura de Jesus, as pessoas se aproximaram dEle e por Ele foram chamadas. Como poderemos fazer o mesmo? Sem dúvida a mídia é uma estrada na qual se entrecruzam tantas vidas, questionamentos, dúvidas e busca de respostas. Lembremo-nos: André, Pedro, Tiago e João foram questionados por Jesus no trabalho do dia a dia; Zaqueu passou da simples curiosidade ao entusiasmo de partilhar a mesa com Jesus; o Centurião pediu um milagre por ocasião da doença de uma pessoa querida; o cego de nascença o invocou como libertador de sua marginalidade; Marta e Maria o receberam em casa e no coração... Percorrendo as páginas do Evangelho encontraremos diferentes modos pelos quais a vida das pessoas se abriram para a presença de Jesus. Encontramos a mesma coisa nas experiências missionárias dos apóstolos nos inícios da Igreja. A leitura frequente da Bíblia à luz da Tradição ajuda a descobrir espaços de encontro com Ele, modalidades verdadeiramente evangélicas, enraizadas nas profundas necessidades humanas: a família, o trabalho, a amizade, a pobreza, as provações da vida, etc.

5. Ai de nós pensar que a NE não nos toca pessoalmente... a Igreja, antes de evangelizar o mundo, deve evangelizar-se a si mesma. Revigorar a fé é antes de tudo trabalho de vida interior de cada fiel e da vida interna da Igreja. O convite para evangelizar se traduz num apelo à conversão. Precisamos de conversão: reconhecemos, com humildade que a pobreza e fraquezas dos discípulos de Jesus, especialmente de seus ministros, pesam demais na credibilidade da missão. Sabemos que não estamos à altura da missão de levar o anúncio de Jesus a todos os povos; somos vulneráveis, cheios de feridas... Mas estamos convictos de que a força do Espírito do Senhor pode renovar sua Igreja e tornar resplandecente suas vestes, se deixarmo-nos plasmar por ele. O propósito da conversão nos envolve profundamente. Se tal propósito dependesse de nossas forças, pouco alcançaríamos. Mas a conversão, assim como a Evangelização, não depende de nós, mas do mesmo Espírito do Senhor. Aqui está nossa força e a certeza de que o mal não terá a última palavra, nem na Igreja, nem na história. Confiamos na inspiração e força do Espírito, que nos ensinará o que deveremos dizer e fazer, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. É nosso dever, pois, vencer o medo com a fé, o aviltamento com a esperança e a indiferença com o amor.

6. Essa coragem serena ilumina também nosso olhar sobre o mundo contemporâneo. Não temos medo dos tempos que vivemos. Nosso mundo está cheio de incongruências e desafios, porém permanece como criação de Deus, ferida pelo mal, mas também terreno no qual a boa semente pode germinar. Não há lugar para o pessimismo no coração daqueles cujo Senhor venceu a morte e nos quais o Espírito Santo opera com potência. Assim, com coragem e decisão olhamos para o mundo, sentindo o chamado de Jesus para aí sermos suas testemunhas. A globalização é uma oportunidade para dilatar mais a presença do Evangelho no mundo; as migrações são ocasião de difusão da fé e de comunhão entre culturas diferentes. A mesma secularização, reduzindo o espaço da Igreja na sociedade, pode ser uma prova dolorosa, mas também proporciona nova liberdade para propor o Evangelho, sem recuar nossa presença na Sociedade. As novas formas de pobreza aumentam os espaços para o serviço da caridade. No próprio ateísmo agressivo e inquieto agnosticismo podemos entrever, não um vazio, mas a saudade, uma expectativa de que alguém possa dar uma resposta adequada. Diante disso e dos questionamentos que as culturas dominantes colocam à fé cristã, renovamos nossa confiança de que o Evangelho também para eles possa ser luz e força do homem. A NE não é obra nossa: a iniciativa e ação primeira vem de Deus; somente inserindo-nos nessa iniciativa divina e invocando-a, poderemos - com Ele e nEle - ser evangelizadores. Essa verdade gera, naturalmente, em nós a responsabilidade; mas não podemos nos deixar abater.

7. Desde a primeira evangelização e no suceder das gerações, a transmissão da fé sempre foi nas famílias. Nelas, sobretudo pela ação das mulheres, os sinais da fé, a comunicação das primeiras verdades, a educação à oração, o testemunho dos frutos do amor foram introduzidos na existência das crianças. O Sínodo, constatando em todas as culturas e latitudes a importância da família, reafirma seu papel essencial na transmissão da fé. Não se pode pensar em NE sem a responsabilidade indispensável da família no anúncio do Evangelho e sua missão educativa. Não ignoramos que a família, constituída no matrimônio por homem e mulher, atravessa crises assustadoras. Justamente por isso devemos cuidar da família e sua missão na sociedade e na Igreja. Ao mesmo tempo, expressamos nossa gratidão a tantos esposos e famílias cristãs que dão testemunho de comunhão e serviço, sementes de uma sociedade mais fraterna e pacificada. Não ignoramos situações em que a família não reflete aquela imagem de unidade e amor por toda vida, como o Senhor nos ensinou. Há casais que convivem sem a bênção divina e humana, multiplicam-se casais de segunda união, cujas consequências os filhos padecem. Queremos lhes dizer que o amor de Deus não os abandona, que a Igreja é Casa acolhedora para todos e que a comunhão eclesial não lhes é negada, mesmo se não podem partilhar a Eucaristia e que não faltam meios para continuarem membros vivos e atuantes da Igreja. Jesus não se apresenta à samaritana como aquele que somente dá a vida, mas a vida eterna. O dom da fé não é somente para esse mundo, porém uma promessa de que o sentido último de nossa vida vai para além desse mundo, na comunhão plena com Deus que esperamos após a morte. Desta vida futura são testemunhas particulares os chamados à vida consagrada, pois vivendo na pobreza, castidade e obediência, apontam para um mundo futuro que relativiza os bens daqui da terra. O Sínodo reconhece e agradece-lhes a grande contribuição que dão à missão da Igreja e convida-os para que sejam testemunhas e promotores da NE nos vários ambientes de vida nos quais vivem o próprio carisma.
08 - A evangelização não é tarefa de alguns; se a família é seu primeiro contexto e a vida consagrada é sinal de seu fim último, no meio se coloca a ação da comunidade eclesial onde se encontram a Palavra, os sacramentos, a comunhão fraterno, o serviço da caridade e a missão. Na paróquia, presença territorial da Igreja, as pessoas podem encontrar o Evangelho. Hoje se requer que sejam articuladas em pequenas comunidades e seu cuidado pastoral exige novas formas de presença missionária. Nela o sacerdote, pai e pastor, possui papel decisivo. O Sínodo expressa gratidão e proximidade fraterna a tantos presbíteros que se dedicam com zelo a esse ministério, e pedem que o exerçam em estreita ligação com o presbitério diocesano, com uma intensa vida espiritual e formação permanente que os qualifique sempre mais. Ao lado dos presbíteros estejam os diáconos, outros ministérios a serviço do anúncio, da catequese, da liturgia, da caridade e tantas outras formas de participação e corresponsabilidade por parte dos fieis, homens e mulheres. Todos devem se colocar na perspectiva da NE. Quanto aos leigos, apoiamos as formas tradicionais e novas de associação, movimentos e outras expressões da  riqueza de dons e carismas que o Espírito Santo enriquece sua Igreja. A todos exortamos à fidelidade, ao testemunho, à incansável dedicação ao Evangelho e à comunhão eclesial. Queremos nos unir também aos cristãos com os quais a unidade infelizmente ainda não é perfeita, mas que são marcados pelo Batismo do Senhor, do qual também são anunciadores. Alguns deles estiveram em nosso meio, testemunhando sua sede de Jesus Cristo e paixão pelo anúncio do Evangelho.

9. No nosso coração nos interrogamos, preocupados mas não pessimistas, sobre o presente e o futuro das novas gerações: nelas está o futuro da humanidade e da Igreja. Preocupados, porque são atingidos mais diretamente pelas agressões de nosso tempo; otimistas, porque quem move a história é Cristo e porque entrevemos na juventude as aspirações mais profundas de autenticidade, verdade, liberdade e generosidade, para as quais a resposta é o próprio Jesus. Queremos sustentá-los nessa procura; encorajamos nossas comunidades para que ouçam, dialoguem e façam propostas diante da difícil condição juvenil para estimularem e não reprimirem seu entusiasmo. É preciso combater as especulações interessadas em dissipar suas energias lançando-os num consumismo alienante. A NE tem nos jovens um campo de grande responsabilidade e promissoras esperanças, como mostram a Jornada Mundial da Juventude e várias formas de serviço e missionariedade.

10. A NE se concentra em Cristo e na pessoa humana para facilitar o encontro entre ambos. Mas ela não se reduz a isso: quer também dialogar com a cultura, para nelas encontrar "as sementes do Verbo". A NE busca uma renovada aliança entre fé e razão, na convicção de que a fé possui riquezas que podem fecundar a razão aberta à transcendência, sanando os limites e contradições nas quais pode cair a razão. É nisto que se fundamenta o esforço das comunidades cristãs que se ocupam da educação e cultura, sobretudo nas escolas e universidades. O Evangelho é um precioso manancial para as culturas. Daí o cuidado especial pelas escolas e universidades católicas: nelas, a abertura ao transcendente, própria de todo itinerário cultural e educativo, deve propor o encontro com o acontecimento Jesus Cristo e sua Igreja. Somos gratos a quantos, às vezes com enormes dificuldades, labutam nesse campo pedagógico. O encontro entre fé e razão se dá também no diálogo com o saber científico, que não pode estar longe da fé; ela é uma manifestação daquele princípio espiritual que Deus colocou em suas criaturas para desvendar as estruturas racionais, base da criação. Quando ciência e técnica não se fecham numa concepção materialista do homem e do mundo, tornam-se um precioso aliado para a humanização da vida. Nosso agradecimento também aos artistas em suas várias formas: se de um lado expressam a beleza, por outro manifestam a espiritualidade humana; a arte torna evidente a beleza de Deus retratada em suas criaturas. Aliás, todo o mundo do trabalho é um espaço de cooperação com a criação divina. À luz do Evangelho, lembramos ao mundo da economia e do trabalho, que a pessoa humana deve estar no centro de suas preocupações. Enfim, com relação às religiões, são destinatárias naturais de nosso diálogo: o Evangelho de Jesus é paz e alegria; seus discípulos reconhecem tudo o que há de verdadeiro e bom nas religiões. Evangelizamos porque estamos convictos da verdade de Cristo e não porque somos contra alguém. O diálogo religioso quer ser um contributo para a paz, rejeição a todo fundamentalismo e denúncia da violência que se abate sobre os crentes. Os cristãos vivem a perseguição como participação no mistério da cruz e sabem que do sangue dos mártires nascem novos cristãos. Ao mesmo tempo em que toda a Igreja reza e sofre com os perseguidos, por outro conclama aos que detêm o poder, que salvaguardem a liberdade religiosa e a livre profissão e testemunho da fé.

11. Diante dos desafios da NE às vezes nos sentimos perdidos e sem referências. Bento XVI fala em "desertificação espiritual" que grassa no mundo; mas nos estimula a descobrir a alegria de crer, a partir desse vazio e experiência de deserto: aí nos voltamos àquilo que é essencial para viver. No deserto, como a samaritana, se vai em busca de água e de um poço... bendito aquele que aí encontra Cristo! O Ano da Fé é uma preciosa entrada na NE. Ele está ligado aos 50 anos do Vaticano II, cujo magistério fundamental resplandece no Catecismo da Igreja Católica. São referências seguras da fé.
12. Na contemplação do mistério, junto aos pobres. Queremos agora indicar duas expressões da vida de fé relevantes para testemunhá-la na NE. São dois símbolos que mostram nossa vontade de trilharmos hoje um caminho de regeneração da vida cristã. 1) O primeiro é o dom da contemplação do Mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Sano: é daí que surgirá um testemunho crível para o mundo; esse silêncio contemplativo impedirá que a palavra da salvação seja confundida por tantos outros rumores. Somos gratos a quantos, em mosteiros e eremitérios, dedicam sua vida à oração e contemplação. Precisamos também de momentos contemplativos em nossa vida do dia a dia e de lugares que evocam a presença de Deus (santuários interiores e templos de pedra) onde todos possam ser acolhidos. 2) O rosto do pobre: colocar-se ao lado deles não é somente ação social, mas sobretudo espiritual, pois neles resplandece o rosto do Salvador. A Igreja oferece o encontro com Cristo no ensino da verdade, na eucaristia, oração, comunhão fraterna e também no serviço da caridade. Devem ter um lugar especial em nossas comunidades: sua presença é misteriosamente poderosa para mostrar Cristo Jesus. A caridade deve ser acompanhada pela luta por justiça. Daí ser parte da NE a Doutrina Social da Igreja.

13. Nosso olhar quer envolver todas as comunidades religiosas dispersas pelo mundo, um olhar unitário, pois única é a chamada ao encontro com Cristo, sem esquecer as diversidades. Em primeiro lugar olhamos para as antigas Igrejas do Oriente, herdeiras da primeira difusão do Evangelho, cuja experiência guardam zelosamente: ela ensina que a NE é feita de vida litúrgica, catequese, oração familiar, jejum, solidariedade entre as famílias, participação dos leigos na vida da comunidade e diálogo com a sociedade. Muitas dessas Igrejas vivem no meio de tribulações testemunhando a Cruz de Cristo; alguns fiéis são forçados à emigração e levam a NE aos países que os acolhem. Que o Senhor abençoe essa fidelidade e lhes traga tempos de paz. Aos cristãos que vivem na África agradecemos o testemunho de vivência do Evangelho, muitas vezes em situações inumanas; exortamos a relançarem a evangelização recebida em tempos ainda recentes, a preservarem a identidade familiar, a sustentarem o trabalho dos sacerdotes e catequistas sobretudo nas pequenas comunidades e a continuarem o esforço de inculturação. Aos políticos fazemos um forte apelo pela promoção dos direitos humanos fundamentais e a libertação da violência ainda presente nesse continente. Convidamos os cristãos da América do Norte a responderem com alegria à convocação por uma NE enquanto admiramos os frutos generosos de fé, caridade e missão de suas jovens comunidades; mas reconhecemos que muitas expressões culturais norte-americanas estão longe do Evangelho; impõe-se um convite à conversão, para que, de dentro dessa cultura, os fiéis ofereçam a todos a luz da fé e a força da vida. Continuem a  acolher com generosidade imigrantes e refugiados e abram as portas da cultura à fé. Sejam solidários com os latino-americanos na permanente evangelização comum de todo continente. À América Latina e Caribe vai também o mesmo sentimento de gratidão; chama nossa atenção a riqueza de religiosidade popular desse continente. Os desafios da pobreza, violência, pluralismo religioso reforçam nossa exortação para o estado de missão permanente, anunciando o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de discípulos missionários de Jesus, mostrando como seu Evangelho é fonte de uma nova sociedade justa e fraterna. Queremos encorajar os cristãos da Asia, continente que possui dois terços da população mundial; que a pequena minoria cristã seja semente fecunda germinada pelo Espírito Santo e cresça no diálogo com as diversas culturas; às vezes marginalizada ou envolta em perseguições a Igreja na Ásia é uma presença preciosa do Evangelho. Sintam a fraternidade e vizinhança dos outros países do mundo que não podem esquecer as origens asiáticas de Jesus: aí ele nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Reconhecimento e esperança são nossos sentimentos também pela Europa, hoje marcada em parte por uma forte secularização, às vezes agressiva e ferida por longos decênios de poder comunista. Tal reconhecimento é pelo passado e pelo presente: de fato a Europa criou experiências de fé, muitas vezes transbordantes de santidade, decisivas para a evangelização do mundo inteiro: rico pensamento teológico, expressões carismáticas variadas, formas inúmeras de serviço caritativo, experiências contemplativas, cultura humanista que contribuiu para a dignidade humana e construção do bem comum. Que as dificuldades do presente sejam vistas como oportunidades para um anúncio mais alegre e vivo do Evangelho. Saudamos, por fim, os povos da Oceania que vivem sob o signo do Cruzeiro do Sul e agradecemos seu testemunho de fé. Como a samaritana, ouçam também o apelo de Jesus: "Se conhecêsseis o dom de Deus...". Empenhem-se em pregar o Evangelho e tornar Cristo conhecido hoje no mundo.

14. Ao final dessa experiência de comunhão de Bispos do mundo inteiro colaborando com o Sucessor de Pedro, sentimos a atualidade do mandato de Jesus: "Ide e fazei discípulos todos os povos. Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo". Não se trata só de missão geográfica, mas de chegar aos corações de nossos contemporâneos para levá-los ao encontro com Cristo, vivo e presente em nossas comunidades. Essa presença nos enche de alegria e nos faz cantar: "A minha alma engrandece o Senhor... Ele fez por mim maravilhas". Fazemos nossas as palavras de Maria: ao longo dos séculos Ele fez grandes coisas pela sua Igreja e nós o glorificamos, certos de que não deixará de olhar nossa pequenez para mostrar a potência de seu braço, também em nossos dias e sustentar-nos no caminho da NE. Que Maria nos oriente no caminho, às vezes parecido com o deserto; mas levaremos o essencial: a companhia de Jesus, a verdade de sua palavra, o pão eucarístico que nos nutre, a fraternidade da comunhão eclesial, o impulso da caridade. Nas noites do deserto as estrelas são mais luminosas: assim no céu de nosso caminho resplandece, com vigor, a luz de Maria, Estrela da NE a quem nós, confiantes, nos entregamos.
 

 

sábado, 20 de outubro de 2012

Igreja celebra o Dia Mundial das Missões.

 


Neste domingo, 21, a Igreja no mundo celebra o Dia Mundial das Missões. Trata-se de um grande acontecimento e uma oportunidade de fazer sentir a vocação missionária da Igreja. O documento Redemptoris Missio, Encíclica do papa João Paulo II sobre a validade permanente do mandato missionário, exorta, “todas as Igrejas e os pastores, os sacerdotes, os religiosos e os fiéis, a se abrirem à universalidade da Igreja, evitando toda a forma de particularismo, exclusivismo, ou qualquer sentimento de autossuficiência (RM 85)”.
Em outras palavras, o documento faz um apelo a toda a Igreja: de se abrir para Missão além-fronteiras, conforme o mandato do próprio Jesus Cristo. A Igreja “foi enviada para manifestar e comunicar a caridade de Deus a todos os homens e povos (Jo 10, 10)”, mandato que o Redemptoris Missio também frisa. “Esta Missão é única, sendo a mesma a sua origem e fim; mas, na sua dinâmica de realização, há diversas funções e atividades. Antes de tudo está a ação missionária denominada ‘missão ad gentes’”.
O Dia Mundial das Missões tem o objetivo de celebrar a unidade da Igreja através da partilha e da fraternidade. Os filhos de Deus, nesse dia, devem festejar a universalidade da Missão em colaboração intensa e espiritual de generosa ajuda. O ato do papa Pio XI na solenidade de Pentecostes de 1922 sintetiza o que deveria ser o Dia Mundial das Missões dali em diante. O pontífice interrompeu sua homilia e, em meio a impressionante silêncio, tomou seu solidéu, fazendo-o passar entre a multidão de bispos, presbíteros e fiéis na Basílica de São Pedro, no Vaticano, enquanto pedia a toda a Igreja ajuda para as Missões.
O primeiro Dia Mundial das Missões foi celebrado em 1927 e, em 19 de outubro de 1985, o papa João Paulo II lembrou a origem do Dia, falando aos fiéis da Igreja de Sassari, durante sua viagem pastoral à Sardenha. “Nunca venha a faltar o espírito missionário que animou as testemunhas de Cristo nesta cidade. Todo mundo sabe que o Dia Mundial das Missões foi sugerido em uma reunião do Círculo Missionário do seminário provincial de Sassari em 1926, então governado pelos padres vicentinos, entre os quais se destacava pelo zelo apostólico o padre Giovanni Battista Manzella”.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

KENIA - ENCONTRO INTERNACIONAL


 O AMOR FRATERNO, DISTINTIVO DA FAMÍLIA DE ROSA GATTORNO
TODAS UNIDAS NUM MESMO SENTIMENTO
  
 Que o Espírito Santo ilumine cada uma das Irmas participantes desse encontro e que todas as decisões tomadas revigorem em cada Filha de Sant´Ana espalhada no mundo todo o Amor a Deus e a Vocação a que foram chamadas.
MADRE ROSA AS CONDUZA NESTA GRANDE JORNADA.
AMÉM!

terça-feira, 16 de outubro de 2012


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

 Sínodo dos Bispos 

DISCURSOS!  

1) O primeiro orador falou das raízes da fé, ou melhor donde nasce a credibilidade de nossa fé, a fim de que seja uma confissão da fé (e não apenas uma profissão, isso é, o conteúdo em que cremos). Ele tinha muita autoridade para falar, pois representava a Igreja da Europa centro-oriental (Croácia, arcebispo de Zágreb), onde o comunismo dos anos da cortina de ferro fez muitos mártires. Hoje não há mais o martírio de sangue, mas o martírio incruento do massacre produzido pelas novas expressões ideológicas materialistas (secularização da vida), levando à intolerância da religião, principalmente do cristianismo. O martírio consiste em não ceder à lógica do mundo e mostrar que pertencemos a um "Outro". Sobretudo leigas e leigos resistem às novas ideologias e são os primeiros anunciadores da Nova Evangelização (NE).

2) Um lugar da NE é a mobilidade humana (migração), dentro da qual se coloca também as peregrinações, tão queridas pelo povo e que reavivam a fé dos peregrinos.

3) A NE não se resolve com planos feitos por especialistas... mas é obra do Espírito Santo.

4) O Bispo de Phom Penh (Cambodja) afirma que os fundamentos da NE são: 1) o verdadeiro encontro com Jesus Cristo que abre o coração ao amor e ao perdão e, 2) os leigos que devem atuar no mundo (Apostolicam actuositatem!). Como a Igreja será verdadeiro Sacramento de Cristo no mundo para ser uma NE em ato? Responde: uma igreja que toque os corações, simples, hospitaleira, orante e alegre.

5) Um outro denuncia os vícios de antigas cristandades e propõe uma conversão pastoral com 4 pistas: santificação pessoal, uma releitura aprofundada do magistério da Igreja, uma nova pastoral, com novo estilo: querigma, iniciação cristã catecumenal, dimensão racional e apologética da fé, eclesiologia que acredite na corresponsabilidade dos leigos, espaços de acolhida e de diálogo, uma "ecologia humana".

6) Experiência de NE vivida na Arquidiocese de Barcelona: redescoberta do Evangelho centrado no anúncio de Jesus (Evangelho de Marcos distribuído em profusão, átrio dos gentios), muita importância aos leigos, valorização da missa dominical, favorecimento de momentos de espiritualidade e de experiências pessoais, uma leitura crente da realidade atual.

7) Grande obstáculo à NE é a divisão dos cristãos, particularmente entre a Igreja Católica e Igreja Ortodoxa russa e rumena. O ecumenismo (do oriente e do ocidente) é indispensável para dar testemunho de Jesus Cristo.

8) É preciso insistir no modelo familiar cristão, apesar de toda ideologia em contrário e dar maior atenção às famílias canonicamente irregulares. Propõe-se uma opção prioritária à família.

9) Dois cenários preocupantes: a) há hoje um caos cultural que deforma a compreensão da Verdade e da Bondade, levando ao autoisolamento e subjetivismo. Como consequência do consumismo aparece o relativismo moral e religioso que se transforma nas diversas formas de pseudorreligiosidade e neopaganismo. Esses e outros elementos são o cenário que a NE deve enfrentar. b) Os jovens se encontram numa situação insustentável: são envolvidos muito antecipadamente, com relação à própria idade, num mundo rico de informações, saberes, sensações, oportunidades de encontro, mas ao mesmo tempo são abandonados pelos adultos que os deveriam formar. Nunca na história houve tanta liberdade individual e de massa como para os jovens hoje, mas é uma promessa sem futuro, pois os adultos renunciaram a seu papel educativo... numa espécie de Édipo ao contrário, são os pais que matam seus filhos...

10) Se por um lado há muitas queixas, por parte dos Orientais e Africanos, contra a discriminação perseguição dos mulçumanos, por outro foram apresentadas boas experiências de conversões do islamismo. Perguntando a jovens mulçumanos qual a razão que os leva a se aproximarem do cristianismo, respondem: a alegria e a liberdade!

11) O Card. Rouco Varela (Madrid) afirmou: há secularismo porque houve secularização que tem suas raízes na crise pós-guerra, na "morte de Deus", no super-homem, nos totalitarismos (comunismo, nacionalismo, fascismo) que geraram a "Igreja do Silêncio". Nesse quadro, nasceu o Vaticano II, mas depois a crise se aprofundou com a revolução de "maio de 68" com uma radicalidade teórica e prática que afeta a própria pessoa humana... "um bebê de chipanzé tem mais direitos que uma criança com deficiência...". E a Igreja, o que fez? Certamente muita coisa, mas hoje é necessário mostrar em praça pública quem somos e o que somos. É hora de profundo exame de consciência, conversão pessoal e pastoral. A Igreja precisa "desmundanizar-se" para uma renovada e fecunda evangelização de nosso tempo!

12) O bispo japonês de Fukuoka agradeceu sensibilizado a grande ajuda que a Igreja do Ocidente deu àquele país por ocasião do terrível tutsinami: foi a prática da Gaudium et Spes e isso foi um importante sinal do Evangelho de Jesus para o povo japonês. Ao mesmo tempo manifestou grande esperança nos resultados do Sínodo.

13) Se a Igreja falhou no passado é porque transmitiu apenas conteúdo, doutrina fria, moralismos... hoje precisa centrar-se no Ato de Fé, no encontro e resposta pessoal a Jesus Cristo. é preciso evangelizar primeiramente os evangelizadores: bispos, presbíteros, vida consagrada, e uma séria conversão pastoral.

14) O superior geral dos dominicanos, Pe. Bruno Cadoré apresentou três desafios: 1) diálogo com as ciências: Deus confiou aos homens o trabalho de buscar juntos um "mundo comum a todos", um verdadeiro caminho para a "humanização do homem". 2) Desafio da liberdade: é preciso fazer como Jesus que caminhava com seus discípulos pela Palestina manifestando a fraternidade e amizade de Deus para com os homens. Precisamos aprender da paciência de Deus que confia na frágil liberdade humana: a evangelização encontra sua força na contemplação desse mistério da misericórdia. 3) O desafio da fraternidade: a graça do Espírito de Deus pode transfigurar a realidade humana da fraternidade em sacramento da amizade de Deus com os homens.

15. Dom Shlemon Warduni, bispo da Babilônia dos Caldeus afirmou: a NE deve fundamentar-se na graça do Espírito Santo que ilumina o homem e o faz acolher a vocação cristã. É preciso evangelizar-se a si mesmo para depois evangelizar os outros. Apresentou uma situação extremamente difícil para a Igreja no Iraque: número de cristãos em constante diminuição por causa da emigração contínua dos fiéis, dos catequistas e do clero, e também pelo mau exemplo da desunião entre os cristãos.

16) Por fim, o nosso irmão salesiano, Card. Ângelo Amato, fez um pronunciamento intitulado: Os santos evangelizam. Eles pregam e anunciam o Evangelho não tanto com a palavra, mas com o exemplo de vida mergulhada em Deus e fazendo o bem aos irmãos.

Roma, 15 de Outubro de 2012 - Santa Tereza de Jesus.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.

sábado, 13 de outubro de 2012

Notícias do Sínodo dos Bispos

12 de outubro das 09h30 às 12h00 houve mais uma longa sessão de discursos, ao todo 25. Falaram personagens bastante conhecidas como o prelado da Opus Dei (J. Echeverria), Dom G. Ravasi, do Pontifício Conselho para a Cultura). Foi um dia também salesiano, pois falaram dois bispos nossos irmãos de Congregação e o Reitor Mor.

Uma pensamento que já foi bastante acentuado e que retornou hoje foi: a Nova Evangelização deve começar pela conversão dos Bispos, dos Sacerdotes, dos Religiosos... e nessa linha se coloca a revalorização do Sacramento da Penitência e a renovação da vida espiritual.

Bispos do Leste Europeu (ex países comunistas), mas também de outras partes, insistiram que o guardião da fé em muitos lugares é a família, principalmente em época de perseguição ou de "desertificação espiritual", como afirmou ontem Bento XV. Alguns apresentaram experiências em que toda paróquia gira em torno da Pastoral Familiar e a evangelização, ou início de evangelização, se faz pela Pastoral da Visitação, às vezes de porta em porta. Bispos da África, como também da América Latina, sublinharam e defenderam muito as pequenas comunidades, com meio de sustentar a fé do nosso povo.

Sobre elementos que caracterizam o sacerdócio ministerial estão: seu lugar específico na Igreja, sua origem sobrenatural e sacramental e sua ligação essencial com a Eucaristia; o celibato, por sua vez, está ligado à identidade cristológica e possui um grande valor de testemunho.

Outro tema que nos dias passados, como hoje também aflorou com ênfase, foi o diálogo intercultural e interreligioso. Isso interessa muito às jovens igrejas da Ásia e África, que vivem num ambiente hostil, por vezes de martírio, e encontram no diálogo interreligioso, como minoria, um meio de ter espaço na sociedade e poder afirmar a própria fé. Já fiz referência às grandes dificuldades de minorias cristãs diante do fundamentalismo e fanatismo religioso islâmico. Alguns chegaram a dizer que nem aqui, num ambiente extremamente seguro e fraterno, longe daqueles territórios de perseguição, eles têm coragem de falar a verdade como ela é; temem a represália.

Mas também o diálogo ecumênico não é fácil. Em parte nós sentimos isso com igrejas cristãs que professam a mesma fé aqui no ocidente. Mas, no oriente o confronte com a igreja ortodoxa é também, em muitos casos, extremamente difícil. Um bispo da Romênia me dizia, por exemplo, que já há ortodoxos que negam poder rezar juntos o mesmo Pai Nosso...

O Bispo Salesiano, Dom Enrique Covolo, que esteve no Centro Unisal Pio XI (São Paulo) no mês de julho, desenvolveu o tema da evangelização nas Escolas e Universidades. Além da secularização do ensino básico, médio e superior, a tendência dos estados modernos é de domesticar também as universidades católicas, submetendo-as ao rigor e controle das leis acadêmicas, privando tais institutos da liberdade que sempre tiveram; e denunciou o perigo que temos de, em vista de obter um título civil, renunciarmos a currículos específicos de nossa formação católica ou mesmo à influência do evangelho na cultura acadêmica.

O problema da linguagem na evangelização voltou com a intervenção de dom Gianfranco Ravasi. A nova evangelização precisa adotar os novos cânones da comunicação telemática e digital, e aprender dela a essencialidade, a brevidade e o recurso à imagem. Elogiou a iniciativa do "Pátio dos Gentios" promovido por Bento XVI. Fez referência ao mundo da arte, da cultura juvenil, das ciências e da técnica. "Não devemos ter medo de penetrar o mundo da ciência e da técnica, com o olhar sempre em Jesus que contemplava o mundo vegetal e animal e recorria até às previsões meteorológicas (cf Mt 16, 2-3) para anunciar o Reino de Deus".

O Pe. Pascual Chávez, Superior Geral dos Salesianos, cuja fala já havia sido anunciada ontem, intitulou-a assim: "Vinde e vede: a urgência de encaminhar e favorecer uma cultura vocacional na Igreja". Chamou a atenção para a centralidade das vocações no projeto da Nova Evangelização, pois são dois elementos inseparáveis. Mais do que "vocação", devemos cultivar uma cultura vocacional, isto é, "um modo de afrontar e conceber a vida como dom recebido gratuitamente de Deus para um projeto ou uma missão conforme o seu desígnio". Nesse contexto é que se deve propor aos jovens os diversos caminhos vocacionais: matrimônio, vida religiosa ou consagrada, serviço sacerdotal, empenho social e eclesial, e acompanhá-los no trabalho de discernimento e de escolha.

Pe. Pascual sugeriu que o Sínodo ajude todos os pastores a serem verdadeiros guias espirituais para os jovens. Propôs, ao final, quatro linhas de ação: 1. Favorecer um ambiente ou cultura em que a vocação do jovem possa germinar e desenvolver-se; 2. Acompanhamento espiritual; 3. Intenso amor pela Igreja e 4. Educar para a oração pessoal.

Nessa grande "chuva de idéias" durante essa primeira, muitos outros temas foram abordados e aprofundados. Há uma sensação de que o Sínodo está um pouco disperso e genérico em sua impostação. Mas o pessoal que tem experiência de outros Sínodos (há gente aqui que já participou de 6....), diz que isso é normal na primeira semana. As coisas começarão a afunilarem a partir da 2a. metade, ou seja, na metade da próxima semana!

A grande novidade do dia foi o almoço oferecido para todos (umas 400 pessoas!) pelo Papa Bento XVI. Na primeira parte da grande Sala Paulo VI (aquela das audiências gerais das 4as. feiras, que comporta milhares de fiéis) as cadeiras foram tiradas e montadas umas 50 mesas, além da grande mesa central para o Papa e os convidados mais especiais.

Nós brasileiros (os cinco bispos e mais três participantes) fizemos uma mesa onde, além da refeição caprichada que nos foi servida, partilhamos muito nossos pontos de vista sobre o Sínodo, assim como a vida da Igreja no Brasil. Na mesa do Papa, além de cardeais, estavam dois ilustres visitantes que já haviam falado para os padre sinodais: o patriarca ortodoxo de Constantinopla, sua Beatitude Bartolomeu I e o Arcebispo Anglicano de Cantuária, sua Graça R. D. Williams. Como curiosidade, foi um banquete de 6 talheres e 4 taças. Naturalmente o tom das conversas estavam bem mais alto no final, do que no início...

O dia foi concluído com a palestra de 45 minutos de um prêmio Nobel de Medicina em 1978 (Microbiologia), Prof. Werner Arber, da University of Basel (Suíça) e Presidente da Pontifícia Academia de Ciências da Santa Sé. É o primeiro não católico a ocupar esse cargo (ele é protestante). Assim intitulou sua palestra em inglês: "Contemplation on the Relations between Science na Faith". Em linguagem mais técnica do que teológica, como é próprio do tema, ele apresentou as relações entre ciência e fé, acentuando a compatibilidade entre o conhecimento científico e o conteúdo essencial da fé. Seguiu-se um pequeno diálogo entre o ilustre palestrante e a Assembleia.
Roma, 12 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.