DIÁLOGO DE JESUS COM A SAMARITANA: EXEMPLO DE EVANGELIZAÇÃO
Um primeiro rascunho da grande Mensagem do Sínodo
1. Deixamo-nos iluminar pelo encontro de Jesus com a Samaritana; não há mulher ou homem que não se encontre ao lado de um poço com um jarro vazio esperando encontrar respostas a seus problemas. Hoje há muitos poços, mas a água nem sempre é boa... está poluída! Só Jesus é capaz de ler no fundo do nosso coração e revelar nossa verdade. Então como a samaritana, tornamo-nos anunciadores da salvação.
2. Por toda parte se sente a necessidade de reavivar a fé que corre o risco de obscurecer-se diante de tantas dificuldades. Essa é a nova evangelização (NE). Não se trata de começar tudo de novo, mas de colocar-se no caminho do anúncio do Evangelho que atravessou toda história e edificou a comunidade dos fiéis por todas as partes, fruto de tantos missionários e não poucos mártires. Os tempos atuais nos conclamam para algo de novo: viver de uma forma renovada nossa experiência comunitária de fé e de anúncio através de uma evangelização "nova no seu ardor, métodos e expressões". Bento XVI nos recordou que ela tem em vista principalmente as pessoas que, embora batizadas, afastaram-se da Igreja, para que redescubram a fé, fonte de graça e esperança. Estamos conscientes do enfraquecimento da fé de muitos batizados. Queremos enfrentar o problema que os tempos geram nas formas tradicionais de transmissão da fé.
3. Queremos, de saída, afirmar nossa convicção: a fé depende inteiramente da relação que estabelecemos com a pessoa de Jesus. A NE consiste em repropor ao coração e à mente, muitas vezes distraídos, a beleza e a novidade perene do encontro com Cristo. Convidamos todos a contemplar o rosto do Senhor Jesus, entrar no mistério de sua existência, doada por nós até à cruz e confirmada com o sua Ressurreição. Em sua Pessoa se revela todo o amor do Pai por nós. A Igreja é o espaço que Ele nos oferece para encontrá-Lo, já que lhe confiou sua Palavra, o Batismo, seu Corpo e Sangue, a graça do perdão, a experiência de uma comunhão que é reflexo do mistério da SS. Trindade e a força do Espírito que gera o amor para com todos. Compete a nós hoje possibilitar experiências de Igreja, multiplicar os poços para convidar homens e mulheres a saciar sua sede no encontro com Jesus. As comunidades cristãs são responsáveis por isso e, nelas, todo discípulo do Senhor: a cada um é confiado um testemunho insubstituível, para que o Evangelho possa chegar a todos. Essa é nossa tarefa na NE: ser para os outros a beirada de um poço acolhedor, no qual aas pessoas possam encontrar Jesus.
4. Não se trata de inventar estratégias, como se o Evangelho fosse um produto a ser vendido no mercado das religiões. Devemos, sim, descobrir os modos pelos quais, na aventura de Jesus, as pessoas se aproximaram dEle e por Ele foram chamadas. Como poderemos fazer o mesmo? Sem dúvida a mídia é uma estrada na qual se entrecruzam tantas vidas, questionamentos, dúvidas e busca de respostas. Lembremo-nos: André, Pedro, Tiago e João foram questionados por Jesus no trabalho do dia a dia; Zaqueu passou da simples curiosidade ao entusiasmo de partilhar a mesa com Jesus; o Centurião pediu um milagre por ocasião da doença de uma pessoa querida; o cego de nascença o invocou como libertador de sua marginalidade; Marta e Maria o receberam em casa e no coração... Percorrendo as páginas do Evangelho encontraremos diferentes modos pelos quais a vida das pessoas se abriram para a presença de Jesus. Encontramos a mesma coisa nas experiências missionárias dos apóstolos nos inícios da Igreja. A leitura frequente da Bíblia à luz da Tradição ajuda a descobrir espaços de encontro com Ele, modalidades verdadeiramente evangélicas, enraizadas nas profundas necessidades humanas: a família, o trabalho, a amizade, a pobreza, as provações da vida, etc.
5. Ai de nós pensar que a NE não nos toca pessoalmente... a Igreja, antes de evangelizar o mundo, deve evangelizar-se a si mesma. Revigorar a fé é antes de tudo trabalho de vida interior de cada fiel e da vida interna da Igreja. O convite para evangelizar se traduz num apelo à conversão. Precisamos de conversão: reconhecemos, com humildade que a pobreza e fraquezas dos discípulos de Jesus, especialmente de seus ministros, pesam demais na credibilidade da missão. Sabemos que não estamos à altura da missão de levar o anúncio de Jesus a todos os povos; somos vulneráveis, cheios de feridas... Mas estamos convictos de que a força do Espírito do Senhor pode renovar sua Igreja e tornar resplandecente suas vestes, se deixarmo-nos plasmar por ele. O propósito da conversão nos envolve profundamente. Se tal propósito dependesse de nossas forças, pouco alcançaríamos. Mas a conversão, assim como a Evangelização, não depende de nós, mas do mesmo Espírito do Senhor. Aqui está nossa força e a certeza de que o mal não terá a última palavra, nem na Igreja, nem na história. Confiamos na inspiração e força do Espírito, que nos ensinará o que deveremos dizer e fazer, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. É nosso dever, pois, vencer o medo com a fé, o aviltamento com a esperança e a indiferença com o amor.
6. Essa coragem serena ilumina também nosso olhar sobre o mundo contemporâneo. Não temos medo dos tempos que vivemos. Nosso mundo está cheio de incongruências e desafios, porém permanece como criação de Deus, ferida pelo mal, mas também terreno no qual a boa semente pode germinar. Não há lugar para o pessimismo no coração daqueles cujo Senhor venceu a morte e nos quais o Espírito Santo opera com potência. Assim, com coragem e decisão olhamos para o mundo, sentindo o chamado de Jesus para aí sermos suas testemunhas. A globalização é uma oportunidade para dilatar mais a presença do Evangelho no mundo; as migrações são ocasião de difusão da fé e de comunhão entre culturas diferentes. A mesma secularização, reduzindo o espaço da Igreja na sociedade, pode ser uma prova dolorosa, mas também proporciona nova liberdade para propor o Evangelho, sem recuar nossa presença na Sociedade. As novas formas de pobreza aumentam os espaços para o serviço da caridade. No próprio ateísmo agressivo e inquieto agnosticismo podemos entrever, não um vazio, mas a saudade, uma expectativa de que alguém possa dar uma resposta adequada. Diante disso e dos questionamentos que as culturas dominantes colocam à fé cristã, renovamos nossa confiança de que o Evangelho também para eles possa ser luz e força do homem. A NE não é obra nossa: a iniciativa e ação primeira vem de Deus; somente inserindo-nos nessa iniciativa divina e invocando-a, poderemos - com Ele e nEle - ser evangelizadores. Essa verdade gera, naturalmente, em nós a responsabilidade; mas não podemos nos deixar abater.
7. Desde a primeira evangelização e no suceder das gerações, a transmissão da fé sempre foi nas famílias. Nelas, sobretudo pela ação das mulheres, os sinais da fé, a comunicação das primeiras verdades, a educação à oração, o testemunho dos frutos do amor foram introduzidos na existência das crianças. O Sínodo, constatando em todas as culturas e latitudes a importância da família, reafirma seu papel essencial na transmissão da fé. Não se pode pensar em NE sem a responsabilidade indispensável da família no anúncio do Evangelho e sua missão educativa. Não ignoramos que a família, constituída no matrimônio por homem e mulher, atravessa crises assustadoras. Justamente por isso devemos cuidar da família e sua missão na sociedade e na Igreja. Ao mesmo tempo, expressamos nossa gratidão a tantos esposos e famílias cristãs que dão testemunho de comunhão e serviço, sementes de uma sociedade mais fraterna e pacificada. Não ignoramos situações em que a família não reflete aquela imagem de unidade e amor por toda vida, como o Senhor nos ensinou. Há casais que convivem sem a bênção divina e humana, multiplicam-se casais de segunda união, cujas consequências os filhos padecem. Queremos lhes dizer que o amor de Deus não os abandona, que a Igreja é Casa acolhedora para todos e que a comunhão eclesial não lhes é negada, mesmo se não podem partilhar a Eucaristia e que não faltam meios para continuarem membros vivos e atuantes da Igreja. Jesus não se apresenta à samaritana como aquele que somente dá a vida, mas a vida eterna. O dom da fé não é somente para esse mundo, porém uma promessa de que o sentido último de nossa vida vai para além desse mundo, na comunhão plena com Deus que esperamos após a morte. Desta vida futura são testemunhas particulares os chamados à vida consagrada, pois vivendo na pobreza, castidade e obediência, apontam para um mundo futuro que relativiza os bens daqui da terra. O Sínodo reconhece e agradece-lhes a grande contribuição que dão à missão da Igreja e convida-os para que sejam testemunhas e promotores da NE nos vários ambientes de vida nos quais vivem o próprio carisma.
08 - A evangelização não é tarefa de alguns; se a família é seu primeiro contexto e a vida consagrada é sinal de seu fim último, no meio se coloca a ação da comunidade eclesial onde se encontram a Palavra, os sacramentos, a comunhão fraterno, o serviço da caridade e a missão. Na paróquia, presença territorial da Igreja, as pessoas podem encontrar o Evangelho. Hoje se requer que sejam articuladas em pequenas comunidades e seu cuidado pastoral exige novas formas de presença missionária. Nela o sacerdote, pai e pastor, possui papel decisivo. O Sínodo expressa gratidão e proximidade fraterna a tantos presbíteros que se dedicam com zelo a esse ministério, e pedem que o exerçam em estreita ligação com o presbitério diocesano, com uma intensa vida espiritual e formação permanente que os qualifique sempre mais. Ao lado dos presbíteros estejam os diáconos, outros ministérios a serviço do anúncio, da catequese, da liturgia, da caridade e tantas outras formas de participação e corresponsabilidade por parte dos fieis, homens e mulheres. Todos devem se colocar na perspectiva da NE. Quanto aos leigos, apoiamos as formas tradicionais e novas de associação, movimentos e outras expressões da riqueza de dons e carismas que o Espírito Santo enriquece sua Igreja. A todos exortamos à fidelidade, ao testemunho, à incansável dedicação ao Evangelho e à comunhão eclesial. Queremos nos unir também aos cristãos com os quais a unidade infelizmente ainda não é perfeita, mas que são marcados pelo Batismo do Senhor, do qual também são anunciadores. Alguns deles estiveram em nosso meio, testemunhando sua sede de Jesus Cristo e paixão pelo anúncio do Evangelho.
9. No nosso coração nos interrogamos, preocupados mas não pessimistas, sobre o presente e o futuro das novas gerações: nelas está o futuro da humanidade e da Igreja. Preocupados, porque são atingidos mais diretamente pelas agressões de nosso tempo; otimistas, porque quem move a história é Cristo e porque entrevemos na juventude as aspirações mais profundas de autenticidade, verdade, liberdade e generosidade, para as quais a resposta é o próprio Jesus. Queremos sustentá-los nessa procura; encorajamos nossas comunidades para que ouçam, dialoguem e façam propostas diante da difícil condição juvenil para estimularem e não reprimirem seu entusiasmo. É preciso combater as especulações interessadas em dissipar suas energias lançando-os num consumismo alienante. A NE tem nos jovens um campo de grande responsabilidade e promissoras esperanças, como mostram a Jornada Mundial da Juventude e várias formas de serviço e missionariedade.
10. A NE se concentra em Cristo e na pessoa humana para facilitar o encontro entre ambos. Mas ela não se reduz a isso: quer também dialogar com a cultura, para nelas encontrar "as sementes do Verbo". A NE busca uma renovada aliança entre fé e razão, na convicção de que a fé possui riquezas que podem fecundar a razão aberta à transcendência, sanando os limites e contradições nas quais pode cair a razão. É nisto que se fundamenta o esforço das comunidades cristãs que se ocupam da educação e cultura, sobretudo nas escolas e universidades. O Evangelho é um precioso manancial para as culturas. Daí o cuidado especial pelas escolas e universidades católicas: nelas, a abertura ao transcendente, própria de todo itinerário cultural e educativo, deve propor o encontro com o acontecimento Jesus Cristo e sua Igreja. Somos gratos a quantos, às vezes com enormes dificuldades, labutam nesse campo pedagógico. O encontro entre fé e razão se dá também no diálogo com o saber científico, que não pode estar longe da fé; ela é uma manifestação daquele princípio espiritual que Deus colocou em suas criaturas para desvendar as estruturas racionais, base da criação. Quando ciência e técnica não se fecham numa concepção materialista do homem e do mundo, tornam-se um precioso aliado para a humanização da vida. Nosso agradecimento também aos artistas em suas várias formas: se de um lado expressam a beleza, por outro manifestam a espiritualidade humana; a arte torna evidente a beleza de Deus retratada em suas criaturas. Aliás, todo o mundo do trabalho é um espaço de cooperação com a criação divina. À luz do Evangelho, lembramos ao mundo da economia e do trabalho, que a pessoa humana deve estar no centro de suas preocupações. Enfim, com relação às religiões, são destinatárias naturais de nosso diálogo: o Evangelho de Jesus é paz e alegria; seus discípulos reconhecem tudo o que há de verdadeiro e bom nas religiões. Evangelizamos porque estamos convictos da verdade de Cristo e não porque somos contra alguém. O diálogo religioso quer ser um contributo para a paz, rejeição a todo fundamentalismo e denúncia da violência que se abate sobre os crentes. Os cristãos vivem a perseguição como participação no mistério da cruz e sabem que do sangue dos mártires nascem novos cristãos. Ao mesmo tempo em que toda a Igreja reza e sofre com os perseguidos, por outro conclama aos que detêm o poder, que salvaguardem a liberdade religiosa e a livre profissão e testemunho da fé.
11. Diante dos desafios da NE às vezes nos sentimos perdidos e sem referências. Bento XVI fala em "desertificação espiritual" que grassa no mundo; mas nos estimula a descobrir a alegria de crer, a partir desse vazio e experiência de deserto: aí nos voltamos àquilo que é essencial para viver. No deserto, como a samaritana, se vai em busca de água e de um poço... bendito aquele que aí encontra Cristo! O Ano da Fé é uma preciosa entrada na NE. Ele está ligado aos 50 anos do Vaticano II, cujo magistério fundamental resplandece no Catecismo da Igreja Católica. São referências seguras da fé.
12. Na contemplação do mistério, junto aos pobres. Queremos agora indicar duas expressões da vida de fé relevantes para testemunhá-la na NE. São dois símbolos que mostram nossa vontade de trilharmos hoje um caminho de regeneração da vida cristã. 1) O primeiro é o dom da contemplação do Mistério de Deus Pai, Filho e Espírito Sano: é daí que surgirá um testemunho crível para o mundo; esse silêncio contemplativo impedirá que a palavra da salvação seja confundida por tantos outros rumores. Somos gratos a quantos, em mosteiros e eremitérios, dedicam sua vida à oração e contemplação. Precisamos também de momentos contemplativos em nossa vida do dia a dia e de lugares que evocam a presença de Deus (santuários interiores e templos de pedra) onde todos possam ser acolhidos. 2) O rosto do pobre: colocar-se ao lado deles não é somente ação social, mas sobretudo espiritual, pois neles resplandece o rosto do Salvador. A Igreja oferece o encontro com Cristo no ensino da verdade, na eucaristia, oração, comunhão fraterna e também no serviço da caridade. Devem ter um lugar especial em nossas comunidades: sua presença é misteriosamente poderosa para mostrar Cristo Jesus. A caridade deve ser acompanhada pela luta por justiça. Daí ser parte da NE a Doutrina Social da Igreja.
13. Nosso olhar quer envolver todas as comunidades religiosas dispersas pelo mundo, um olhar unitário, pois única é a chamada ao encontro com Cristo, sem esquecer as diversidades. Em primeiro lugar olhamos para as antigas Igrejas do Oriente, herdeiras da primeira difusão do Evangelho, cuja experiência guardam zelosamente: ela ensina que a NE é feita de vida litúrgica, catequese, oração familiar, jejum, solidariedade entre as famílias, participação dos leigos na vida da comunidade e diálogo com a sociedade. Muitas dessas Igrejas vivem no meio de tribulações testemunhando a Cruz de Cristo; alguns fiéis são forçados à emigração e levam a NE aos países que os acolhem. Que o Senhor abençoe essa fidelidade e lhes traga tempos de paz. Aos cristãos que vivem na África agradecemos o testemunho de vivência do Evangelho, muitas vezes em situações inumanas; exortamos a relançarem a evangelização recebida em tempos ainda recentes, a preservarem a identidade familiar, a sustentarem o trabalho dos sacerdotes e catequistas sobretudo nas pequenas comunidades e a continuarem o esforço de inculturação. Aos políticos fazemos um forte apelo pela promoção dos direitos humanos fundamentais e a libertação da violência ainda presente nesse continente. Convidamos os cristãos da América do Norte a responderem com alegria à convocação por uma NE enquanto admiramos os frutos generosos de fé, caridade e missão de suas jovens comunidades; mas reconhecemos que muitas expressões culturais norte-americanas estão longe do Evangelho; impõe-se um convite à conversão, para que, de dentro dessa cultura, os fiéis ofereçam a todos a luz da fé e a força da vida. Continuem a acolher com generosidade imigrantes e refugiados e abram as portas da cultura à fé. Sejam solidários com os latino-americanos na permanente evangelização comum de todo continente. À América Latina e Caribe vai também o mesmo sentimento de gratidão; chama nossa atenção a riqueza de religiosidade popular desse continente. Os desafios da pobreza, violência, pluralismo religioso reforçam nossa exortação para o estado de missão permanente, anunciando o Evangelho com esperança e alegria, formando comunidades de discípulos missionários de Jesus, mostrando como seu Evangelho é fonte de uma nova sociedade justa e fraterna. Queremos encorajar os cristãos da Asia, continente que possui dois terços da população mundial; que a pequena minoria cristã seja semente fecunda germinada pelo Espírito Santo e cresça no diálogo com as diversas culturas; às vezes marginalizada ou envolta em perseguições a Igreja na Ásia é uma presença preciosa do Evangelho. Sintam a fraternidade e vizinhança dos outros países do mundo que não podem esquecer as origens asiáticas de Jesus: aí ele nasceu, viveu, morreu e ressuscitou. Reconhecimento e esperança são nossos sentimentos também pela Europa, hoje marcada em parte por uma forte secularização, às vezes agressiva e ferida por longos decênios de poder comunista. Tal reconhecimento é pelo passado e pelo presente: de fato a Europa criou experiências de fé, muitas vezes transbordantes de santidade, decisivas para a evangelização do mundo inteiro: rico pensamento teológico, expressões carismáticas variadas, formas inúmeras de serviço caritativo, experiências contemplativas, cultura humanista que contribuiu para a dignidade humana e construção do bem comum. Que as dificuldades do presente sejam vistas como oportunidades para um anúncio mais alegre e vivo do Evangelho. Saudamos, por fim, os povos da Oceania que vivem sob o signo do Cruzeiro do Sul e agradecemos seu testemunho de fé. Como a samaritana, ouçam também o apelo de Jesus: "Se conhecêsseis o dom de Deus...". Empenhem-se em pregar o Evangelho e tornar Cristo conhecido hoje no mundo.
14. Ao final dessa experiência de comunhão de Bispos do mundo inteiro colaborando com o Sucessor de Pedro, sentimos a atualidade do mandato de Jesus: "Ide e fazei discípulos todos os povos. Eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo". Não se trata só de missão geográfica, mas de chegar aos corações de nossos contemporâneos para levá-los ao encontro com Cristo, vivo e presente em nossas comunidades. Essa presença nos enche de alegria e nos faz cantar: "A minha alma engrandece o Senhor... Ele fez por mim maravilhas". Fazemos nossas as palavras de Maria: ao longo dos séculos Ele fez grandes coisas pela sua Igreja e nós o glorificamos, certos de que não deixará de olhar nossa pequenez para mostrar a potência de seu braço, também em nossos dias e sustentar-nos no caminho da NE. Que Maria nos oriente no caminho, às vezes parecido com o deserto; mas levaremos o essencial: a companhia de Jesus, a verdade de sua palavra, o pão eucarístico que nos nutre, a fraternidade da comunhão eclesial, o impulso da caridade. Nas noites do deserto as estrelas são mais luminosas: assim no céu de nosso caminho resplandece, com vigor, a luz de Maria, Estrela da NE a quem nós, confiantes, nos entregamos.