Uma pensamento que já foi bastante acentuado e que retornou hoje foi: a Nova Evangelização deve começar pela conversão dos Bispos, dos Sacerdotes, dos Religiosos... e nessa linha se coloca a revalorização do Sacramento da Penitência e a renovação da vida espiritual.
Bispos do Leste Europeu (ex países comunistas), mas também de outras partes, insistiram que o guardião da fé em muitos lugares é a família, principalmente em época de perseguição ou de "desertificação espiritual", como afirmou ontem Bento XV. Alguns apresentaram experiências em que toda paróquia gira em torno da Pastoral Familiar e a evangelização, ou início de evangelização, se faz pela Pastoral da Visitação, às vezes de porta em porta. Bispos da África, como também da América Latina, sublinharam e defenderam muito as pequenas comunidades, com meio de sustentar a fé do nosso povo.
Sobre elementos que caracterizam o sacerdócio ministerial estão: seu lugar específico na Igreja, sua origem sobrenatural e sacramental e sua ligação essencial com a Eucaristia; o celibato, por sua vez, está ligado à identidade cristológica e possui um grande valor de testemunho.
Outro tema que nos dias passados, como hoje também aflorou com ênfase, foi o diálogo intercultural e interreligioso. Isso interessa muito às jovens igrejas da Ásia e África, que vivem num ambiente hostil, por vezes de martírio, e encontram no diálogo interreligioso, como minoria, um meio de ter espaço na sociedade e poder afirmar a própria fé. Já fiz referência às grandes dificuldades de minorias cristãs diante do fundamentalismo e fanatismo religioso islâmico. Alguns chegaram a dizer que nem aqui, num ambiente extremamente seguro e fraterno, longe daqueles territórios de perseguição, eles têm coragem de falar a verdade como ela é; temem a represália.
Mas também o diálogo ecumênico não é fácil. Em parte nós sentimos isso com igrejas cristãs que professam a mesma fé aqui no ocidente. Mas, no oriente o confronte com a igreja ortodoxa é também, em muitos casos, extremamente difícil. Um bispo da Romênia me dizia, por exemplo, que já há ortodoxos que negam poder rezar juntos o mesmo Pai Nosso...
O Bispo Salesiano, Dom Enrique Covolo, que esteve no Centro Unisal Pio XI (São Paulo) no mês de julho, desenvolveu o tema da evangelização nas Escolas e Universidades. Além da secularização do ensino básico, médio e superior, a tendência dos estados modernos é de domesticar também as universidades católicas, submetendo-as ao rigor e controle das leis acadêmicas, privando tais institutos da liberdade que sempre tiveram; e denunciou o perigo que temos de, em vista de obter um título civil, renunciarmos a currículos específicos de nossa formação católica ou mesmo à influência do evangelho na cultura acadêmica.
O problema da linguagem na evangelização voltou com a intervenção de dom Gianfranco Ravasi. A nova evangelização precisa adotar os novos cânones da comunicação telemática e digital, e aprender dela a essencialidade, a brevidade e o recurso à imagem. Elogiou a iniciativa do "Pátio dos Gentios" promovido por Bento XVI. Fez referência ao mundo da arte, da cultura juvenil, das ciências e da técnica. "Não devemos ter medo de penetrar o mundo da ciência e da técnica, com o olhar sempre em Jesus que contemplava o mundo vegetal e animal e recorria até às previsões meteorológicas (cf Mt 16, 2-3) para anunciar o Reino de Deus".
O Pe. Pascual Chávez, Superior Geral dos Salesianos, cuja fala já havia sido anunciada ontem, intitulou-a assim: "Vinde e vede: a urgência de encaminhar e favorecer uma cultura vocacional na Igreja". Chamou a atenção para a centralidade das vocações no projeto da Nova Evangelização, pois são dois elementos inseparáveis. Mais do que "vocação", devemos cultivar uma cultura vocacional, isto é, "um modo de afrontar e conceber a vida como dom recebido gratuitamente de Deus para um projeto ou uma missão conforme o seu desígnio". Nesse contexto é que se deve propor aos jovens os diversos caminhos vocacionais: matrimônio, vida religiosa ou consagrada, serviço sacerdotal, empenho social e eclesial, e acompanhá-los no trabalho de discernimento e de escolha.
Pe. Pascual sugeriu que o Sínodo ajude todos os pastores a serem verdadeiros guias espirituais para os jovens. Propôs, ao final, quatro linhas de ação: 1. Favorecer um ambiente ou cultura em que a vocação do jovem possa germinar e desenvolver-se; 2. Acompanhamento espiritual; 3. Intenso amor pela Igreja e 4. Educar para a oração pessoal.
Nessa grande "chuva de idéias" durante essa primeira, muitos outros temas foram abordados e aprofundados. Há uma sensação de que o Sínodo está um pouco disperso e genérico em sua impostação. Mas o pessoal que tem experiência de outros Sínodos (há gente aqui que já participou de 6....), diz que isso é normal na primeira semana. As coisas começarão a afunilarem a partir da 2a. metade, ou seja, na metade da próxima semana!
A grande novidade do dia foi o almoço oferecido para todos (umas 400 pessoas!) pelo Papa Bento XVI. Na primeira parte da grande Sala Paulo VI (aquela das audiências gerais das 4as. feiras, que comporta milhares de fiéis) as cadeiras foram tiradas e montadas umas 50 mesas, além da grande mesa central para o Papa e os convidados mais especiais.
Nós brasileiros (os cinco bispos e mais três participantes) fizemos uma mesa onde, além da refeição caprichada que nos foi servida, partilhamos muito nossos pontos de vista sobre o Sínodo, assim como a vida da Igreja no Brasil. Na mesa do Papa, além de cardeais, estavam dois ilustres visitantes que já haviam falado para os padre sinodais: o patriarca ortodoxo de Constantinopla, sua Beatitude Bartolomeu I e o Arcebispo Anglicano de Cantuária, sua Graça R. D. Williams. Como curiosidade, foi um banquete de 6 talheres e 4 taças. Naturalmente o tom das conversas estavam bem mais alto no final, do que no início...
O dia foi concluído com a palestra de 45 minutos de um prêmio Nobel de Medicina em 1978 (Microbiologia), Prof. Werner Arber, da University of Basel (Suíça) e Presidente da Pontifícia Academia de Ciências da Santa Sé. É o primeiro não católico a ocupar esse cargo (ele é protestante). Assim intitulou sua palestra em inglês: "Contemplation on the Relations between Science na Faith". Em linguagem mais técnica do que teológica, como é próprio do tema, ele apresentou as relações entre ciência e fé, acentuando a compatibilidade entre o conhecimento científico e o conteúdo essencial da fé. Seguiu-se um pequeno diálogo entre o ilustre palestrante e a Assembleia.
Roma, 12 de Outubro de 2012.
Pe. Luiz Alves de Lima, sdb.
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