quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

CONTRA O TRÁFICO DE ORGÃOS

 Os bispos reunidos em Moçambique, em Novembro de 2011, na sequência da reunião sobre o tráfico humano ratificaram a decisão do Plenário da IMBISA de Dezembro de 2010 em Pretória, África do Sul. Segundo o documento, o tráfico de pessoas é uma escravidão no verdadeiro sentido da palavra. Pessoas desaparecem das suas famílias e aldeias para serem compradas, vendidas e exploradas da maneira mais hedionda que incluem a exploração sexual, trabalho forçado doméstico ou em quintas e a remoção de órgãos corporais para venda. As vítimas do tráfico humano são como ovelhas dispersas por toda a terra.
Aqui vai a nota:
 Um apelo à consciencialização e a uma resposta
O livro do Génesis ensina-nos que Deus criou a humanidade à sua imagem: “ criou-os à sua imagem e semelhança; homem e mulher os criou” (Génesis 1: 27). Por isso o tráfico humano diminui gravemente a dignidade da pessoa humana. Condenamo-la como um pecado sério e um crime abominável a clamar ao céu por justiça. Mais ainda desafia a Declaração dos Direitos Humanos, é uma aniquilação total dos valores de respeito e carinho do “ubuntu”. Pedimos assim a todos os cristãos para fazerem tudo o que estiver ao seu alcance para combater esta degradação dos nossos irmãos e irmãs por quem Jesus morreu na cruz.
Estimados Irmãos Cristãos, estamos a lidar com algo que se tornou uma indústria fabulosa. Já que os traficantes rotineiramente usam a mentira para enganar inocentes e pessoas vulneráveis, a melhor defesa é a educação. Por isso queremos que estejais atentos ao desaparecimento inexplicado de pessoas e para as ofertas exageradas de emprego e que informeis as autoridades do seu desaparecimento. Atenção e vigilância sobre as crianças são constantemente necessárias. As agências da Igreja, como da família e os secretariados matrimoniais, programas juvenis, Comissões  de Justiça e Paz devem fazer da protecção das pessoas uma prioridade.
Queremos que as comunidades cristãs façam deste assunto motivo de oração e debate. Mais ainda queremos a consciencialização nos programas juvenis, nas escolas e na pastoral juvenil. Instamos os governos a legislarem e a criarem serviços na tentativa de obliterarem esta iniquidade. Negligência de governos em proteger os mais vulneráveis é uma negação das suas responsabilidades. Como Bispos da IMBISA direccionamos a fé amorosa da Igreja para todas as vítimas e comprometemos a Igreja a defendê-las e a reabilitá-las.
Conclusão
No Evangelho de São João, Jesus diz: “Eu sou o bom pastor… e dou a vida pelas minhas ovelhas”(João 10: 14). Juntar-nos à luta contra o tráfico humano é juntarmo-nos a Jesus à procura da ovelha perdida. A promessa dos evangelhos é que o trabalho que fazemos para salvar e trazer à liberdade e segurança os vulneráveis e os sem poder (sem voz) é um trabalho que não podemos fazer sós. Deus junta-se a nós e vai à nossa frente, abre os nossos olhos e conduz-nos aos seus filhos perdidos. “Eu não tenho outras mãos que não as vossas”, podemos ouvir Jesus dizer-nos. Por outras palavras, Eu não os posso salvar sem a vossa ajuda. Se voltarmos as costas a este imperativo / desafio, contra nós próprios o fazemos; aceitar esta intimação de procurar a ovelha perdida é aceitar a promessa de vida de Jesus.

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